Alergias e intolerâncias
24 de outubro de 2016
O papel da flora intestinal
7 de novembro de 2016

Constipação

De 10% a 20% dos alemães sofrem de constipação. Quem quiser fazer parte desse grupo deve preencher, no mínimo, duas das seguintes condições: evacuar menos de três vezes por semana; ter um quarto das evacuações com fezes
muito duras, frequentemente em pequenas porções redondas (•••), expelidas com força e apenas com o auxílio de remedinhos e truques; não se sentir completamente esvaziado depois de sair do banheiro.

Nas constipações, os nervos e os músculos do intestino já não trabalham tão focados em um objetivo. Na maioria das vezes, a digestão e o transporte ainda funcionam com velocidade normal, só bem no final do intestino grosso é que já
não se chega a um acordo se o bolo deve sair logo ou não. Um parâmetro muito melhor para os casos de constipação não é a frequência com que se vai ao banheiro, e sim a dificuldade de visitá-lo. Na verdade, o tempo que passamos sentados no trono deveria ser bem tranquilo – quando não é assim, o desconforto pode ser grande.

Há diferentes níveis de constipação: as passageiras, que ocorrem nas viagens, as que nos afetam quando estamos doentes ou passando por fases de estresse, mas também as obstinadas, que tendem a se transformar em um  problema duradouro. Quase metade das pessoas já sofreu constipações em viagens. Sobretudo nos
primeiros dias, não se conseguem grandes progressos. As razões podem ser diversas, mas geralmente chega-se a uma: o intestino é escravo dos próprios hábitos. Os nervos intestinais percebem, por exemplo, o que gostamos de comer e em que horários. Sabem quanto nos movimentamos e quanta água bebemos. Percebem quando é dia e noite e quando vamos ao banheiro. Quando tudo está correndo bem, eles trabalham bem-dispostos e ativam os músculos intestinais para a digestão.

Quando saímos, pensamos em muitas coisas: levamos nossas chaves, desligamos o gás e pegamos um livro para manter nosso cérebro de bom humor. Só uma coisa esquecemos quase sempre: nosso intestino, escravo dos próprios
hábitos, vai conosco e, de repente, é completamente deixado para escanteio. Passa o dia recebendo sanduíche empacotado, comida esquisita de avião ou temperos desconhecidos. Na hora que deveria ser dedicada ao almoço, estamos parados no trânsito ou no balcão para comprar passagem. Não bebemos a mesma quantidade de líquido a que estamos habituados por medo de ter de ir várias vezes ao banheiro, e, ainda por cima, o ar do avião nos resseca. Como se isso não bastasse, trocamos o dia pela noite,

Os nervos do intestino percebem essa situação excepcional. Ficam confusos e, em um primeiro momento, cessam suas atividades até receberem o sinal de que podem continuá-las. Mesmo que o intestino tenha feito seu trabalho depois de um dia tão confuso e seja bem-sucedido ao anunciar seu funcionamento, muitas vezes continuamos sentados onde estamos e simplesmente o reprimimos, pois sua manifestação não veio em boa hora. Para sermos francos, muitas vezes trata-se apenas da síndrome “não faço o número 2 fora de casa”. Quem sofre disso não gosta de intimidades com banheiros estranhos. Pior ainda se forem públicos. Geralmente só são procurados com uma porção extra de estímulo, não sem neles se construir um dispendioso “trono escultural” de papel higiênico e se manter dez metros de distância do vaso sanitário. No entanto, quando a síndrome “não faço o número 2 fora de casa” é grave, nem isso adianta. Não conseguimos relaxar o suficiente para cumprir o trabalho do nosso escravo dos próprios hábitos. Com isso, a viagem de férias ou de negócios pode se tornar bastante desagradável.